Nas Teses sobre Feuerbach, em A Ideologia Alemã e em A Sagrada Família, Karl Marx desenvolve o conceito de práxis ao criticar o materialismo e o idealismo.
O materialismo, diz ele, vê os homens como determinados pelas
circunstâncias (econômicas, sociais, naturais) enquanto o idealismo vê
os homens como determinados pelas ideias (pensamentos, vontades,
desejos, em suma, o ímpeto ativo do ser humano). Os materialistas
afirmam que os homens mudam porque novas circunstâncias fazem-nos mudar,
enquanto os idealistas afirmam que os homens mudam porque a educação de novas ideias e novos desejos fazem-nos mudar.
A crítica de Marx é que o materialismo "esquece que as circunstâncias
são transformadas precisamente pelos seres humanos", enquanto o
idealismo "esquece que o educador tem ele próprio de ser educado".
Então, necessariamente, para mudar os homens, o idealista educador quer
introduzir suas ideias de cima (de fora), assim como o materialista quer
alterar as circunstâncias de fora. Desse modo, tanto o materialismo
quanto o idealismo reproduzem a estrutura da sociedade de classes (a
exploração do homem pelo homem). Neste ponto, Marx introduz o seu
conceito de práxis revolucionária: "a coincidência da transformação das
circunstâncias com a atividade humana".
A práxis revolucionária é então uma atividade teórico-pratica em que a
teoria se modifica constantemente com a experiência prática, que por
sua vez se modifica constantemente com a teoria. A práxis é entendida
como a atividade de transformação das circunstâncias, as quais nos
determinam a formar ideias, desejos, vontades, teorias, que, por sua
vez, simultaneamente, nos determinam a criar na prática novas
circunstâncias e assim por diante, de modo que nem a teoria se
cristaliza como um dogma e nem a prática se cristaliza numa alienação.
Pode-se dizer que o conceito de práxis revolucionária é uma relação
entre teoria e prática coerente com a ideia de Marx de uma sociedade sem
exploração, uma livre associação de produtores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário